SpaceX lança satélites militares americanos

Treze espaçonaves ‘Tranche Zero B’ decolaram de Vandenberg

Foguete B1063 fez seu 13 voo

A SpaceX lançou no sábado dia 1° de setembro de 2023, do foguete Falcon9 v1.2 FT Block 5 n° B1063.13 transportando treze satélites da Tranche 0-B (zero-B, SDA 0-B ou SDA2). O foguete de 570 toneladas decolou às  07:26 PT (14:26 UTC, 11:26 Brasília) a partir do Complexo de Lançamento Espacial 4E (SLC-4E) na Base da Força Espacial de Vandenberg na Califórnia.

O azimute de lançamento foi de cerca de 169 graus; o segundo estágio colocou os satélites numa órbita de 941 x 952 km, com inclinação de 81.00°. Após a separação, o ‘core’ B1063.13 pousou na Zona de Pouso 4 (LZ-4) na mesma Base de Vandenberg. Já o segundo estágio reentrou na área ao sul da Cidade do Cabo. A posição de recuperação das conchas da carenagem foi estimada a 349 km da costa pelo navio NRC Quest. O primeiro estágio do Falcon 9 lançou anteriormente os satélites Sentinel-6 Michael Freilich, a sonda de impacto DART, o grupo Transporter-7, um lote de Iridium OneWeb e oito lotes de Starlinks.

Live do lançamento no Canal do Homem do Espaço
Satéllites sendo fechado na carenagem de cabeça

Os veículos espaciais lançados nesta missão servirão como parte da Arquitetura Espacial Proliferated Warfighter da SDA [*] (Space Defense Agency), uma rede em camadas em órbita baixa e elementos de apoio que oferecerão comunicação militar global e capacidades de alerta, indicação e rastreamento de mísseis. O grupo de aparelhos inclui um satélite de ‘transporte’ construído pela York Space Systems, dez de transporte da Lockheed Martin-Tyvak Space systems e dois de ‘rastreamento’ com base no chassi Starshield pela SpaceX em colaboração com a Leidos. O apoio terrestre da Tranche 0 é feito pelo Laboratório de Pesquisa Naval dos Estados Unidos.

A Space Architecture Tranche 0 consiste em um total de vinte e oito satélites conectados opticamente:

  • Transporte: 20 espaçonaves, que formam a ‘rede mesh’ de comunicações por satélite. Esses satélites são orbitados em duas configurações:
  • Grupo A (SVA): 14 satélites de entroncamentos mesh equipados com dois terminais de comunicações ópticas (OCTs) cada e capacidade de recepção/transmissão de radiofrequência (RF).
  • Grupo B (SVB): 6 satélites, com configuração SVA, mais capacidade de recepção/transmissão de link de dados tático (TDL).
  • Rastreamento: 8 satélites equipados com carga útil do sensor de amplo campo de visão (WFOV) e dois OCTs cada.
  • Os veículos espaciais estão distribuídos em dois planos orbitais com inclinação de 80° e altitude de 1.000 km.
Perfil de decolagem e aterrissagem na balsa-drone OCISLY no oceano Pacífico

O plano da Space Development Agency

O plano é que uma frota de espaçonaves, cada uma menor (com 150 kg) e mais barata do que os satélites de alerta de mísseis existentes, melhorará a capacidade do Pentágono de detectar e rastrear ameaças emergentes, como ataques de mísseis hipersônicos, e então oferecer os dados de rastreamento diretamente ao solo, ar ou forças navais militares. usando redes de rádio táticas existentes. As forças dos EUA e aliadas esperam poder derrubar o mísseis inimigos – um aspecto em que os americanos estão atrás dos russos, que tem como vedete o míssil hipersônico Kh-47M Kinzhal. Serão de satélites da classe Transporte e quatro da classe de Rastreamento.

Combinando links de rádio táticos convencionais, comunicações entre satélites a laser e sensores infravermelhos de visão ampla, centenas de espaçonaves SDA podem ser lançadas no final da década, à medida que o Pentágono intensifica os esforços para combater as “novas ameaças” da China e da Rússia. Justamente os primeiros dez protótipos – oito espaçonaves de retransmissão e duas plataformas de rastreamento de mísseis – serão lançadas neste voo.

Os satélites produzidos pela Lockheed-Martin

O sistema “warfighter immersion tranche 0”, trincheira de imersão do combatente – zero, demonstrará a viabilidade de “uma arquitetura proliferada em custo, cronograma e escalabilidade para o desempenho necessário para alvejar além da linha de visão e detecção e rastreamento avançados de mísseis.” O programa prevê vinte e oito satélites (SVs, para Space Vehicles) do Tranche 0 – vinte na Camada de Transporte “Transport Layer” e oito da Camada de Rastreamento “Tracking Layer” em dois lançamentos, sendo o primeiro este de março e o outro em junho de 2023 a um custo de aproximadamente US$ 15 milhões por espaçonave.

O Tranche 0 consiste em um total de 28 satélites conectados opticamente: os de “Transporte” são 20, formando a malha da rede de comunicações via satélite. Essas espaçonaves são implantadas em duas configurações: o Grupo A (SVA): 14 unidades numa malha equipados com dois terminais de comunicação óptica (optical communications terminals, OCTs) cada e frequência de rádio com capacidade de recepção e transmissão. O Grupo B (SVB) consiste em seis espaçonaves, com configuração SVA, com uma capacidade de recepção/transmissão de link de dados tático (tactical data link, TDL). Na função de “Rastreamento”, oito espaçonaves equipadas com sensores infravermelhos de amplo campo de visão (wide field of view, WFOV) e dois OCTs cada. Os veículos serão sempre distribuídos em dois planos orbitais com a inclinação de 80° na órbita circular de 950 km. Espera-se que esta constelação SDA opere na banda Ka, tenha cobertura estéreo e seja ‘dinamicamente conectada em rede’ para transferências mais simples, maior largura de banda e tolerância a falhas. Inicialmente, espera-se que a constelação Tranche 0 tenha uma capacidade de rede limitada. Melhorias futuras (da Tranche 1 em diante) aumentarão significativamente o roteamento de dados em uma rede maior de satélites. A constelação também terá a capacidade de se integrar com o Link-16 e o Sistema Integrado de Transmissão (IBS). A integração do Link-16 e do IBS na Camada de Transporte modernizará os recursos atuais para melhor atender às necessidades dos combatentes em alertas de ameaças em todo o mundo e informações de consciência situacional em toda a gama de operações militares.

Segundo os planos, a SDA transportará o “produto mínimo viável” (sistema operacional mínimo) para a Tranche zero até o verão (no hemisfério norte) deste ano, com a função de demonstrar os recursos de transporte de dados de baixa latência para alerta e rastreamento de mísseis e permitindo ás tropas integrar as capacidades do PWSA em seu planejamento para futuros exercícios e operações (“imersão do combatente”). As oportunidades de imersão de combatentes ocorrerão antes do lançamento da Tranche 1 no final de 2024.

Primeiro estágio B1063.13 pousou em terra, na LZ-4

A Camada de Transporte da SDA está explorando áreas técnicas, incluindo: Controle otimizado de técnicas de modulação (incluindo operações de banda larga ou banda estreita), tecnologias simultâneas de transmissão e recepção, funções de segurança de comunicações (por exemplo, salto de frequência), formas de onda exclusivas de última geração, implementação espacial de links de dados táticos, redes dinâmicas automatizadas e técnicas de roteamento, sistemas criptográficos comerciais, tecnologias Blockchain, e antenas tipo ‘Phased Array’ multibanda.

[*] – A Space Development Agency (SDA, ou Agência de Desenvolvimento Espacial ) dos EUA, cujo mote é SEMPER CITIUS, é um órgão do Departamento de Defesa para a aquisição espacial, oferece rapidamente recursos baseados no espaço (como espaçonaves) para o os destacamentos militares para apoiar missões terrestres por meio do desenvolvimento, campo e operação da “Arquitetura Espacial Proliferada de Combatentes”. A SDA capitaliza em um modelo de negócios para velocidade redução os custos, aproveitando o desenvolvimento comercial para aumentar a resiliência. A SDA transporta produtos viáveis mínimos – no prazo, a cada dois anos – empregando métodos de desenvolvimento em espiral, adicionando recursos às gerações futuras à medida que as ‘ameaças’ ao imperialismo americano evoluem.

Cronograma de lançamento

hh min ss Evento

00:38:00 O Diretor de Lançamento da SpaceX verifica abastecimento de propelente
00:35:00 Começa o abastecimento do RP-1
00:35:00 Início do abastecimento de oxigênio líquido do 1º estágio
00:16:00 O abastecimento do LOX do 2º estágio começa
00:07:00 Começa a resfriar o motor antes do lançamento
00:01:00 Comando do computador de voo para verificações finais
00:01:00 A pressurização dos tanques para pressão de vôo começa
00:00:45 Diretor de Lançamento da SpaceX verifica o lançamento
00:00:03 O controlador do motor comanda a sequência de ignição
00:00:00 Decolagem do Falcon 9

Resumo do lançamento

Lançamento e aterrissagem do ‘core’ de primeiro estágio

hh:min:ss Evento
00:01:12 Max Q (momento de estresse máximo no foguete)
00:02:18 Desligamento do motor principal do 1º estágio (MECO)
00:02:21 1° e 2° estágios separados (estagiamento)
00:02:29 Ignição do motor do 2º estágio (SES-1)
00:02:35 Ignição de boostback
00:03:06 Liberação de carenagem
00:03:29 Fim da ignição de boostback
00:06:02 Início da ignição de reentrada do 1º estágio
00:06:19 Queima de reentrada concluída
00:07:15 Ignição de pouso do 1° estágio
00:07:31 Pouso do ‘1°’core’ de primeiro estágio

CONTRIBUA ATRAVÉS DO PIX DO HOMEM DO ESPAÇO: homemdoespacobr@gmail.com

Conheça mais sobre exploração espacial no Curso Introdutório de História e Fundamentos da Astronáutica

Curso de Introdução à Astronáutica

Compre os e-books da Biblioteca Espacial Brasileira:

BIBLIOTECA ESPACIAL

E-book Estações Espaciais Volume I

E-book Estações Espaciais Volume II

E-book Naves Espaciais Tripuladas

E-book Compêndio da missão EMM-1 dos Emirados a Marte

E-book Compêndio Satélites Militares

E-book Compêndio da missão Soyuz 9

Autor: homemdoespacobrasil

Astronautics