‘RS-1’ da ABL explode no voo inaugural

Empresa americana esperava colocar dois satélites em órbita em seu voo inaugural

O foguete decolou às 23:27:31 UTC da LP-3C do Pacific Spaceport Complex na Ilha Kodiak

A tentativa de lançar o foguete RS1 da ABL Space Systems em seu voo de teste terminou em avaria catastrófica ontem, 10 de janeiro de 2023 às 23:27:31 UTC. O curto voo de alguns segundos resultou na destruição do veículo e de parte da infraestrutura no espaçoporto Kodiak no Alasca. Após a ignição e decolagem, os motores E2 do primeiro estágio pararam de funcionar e perderam empuxo, fazendo que com o míssil de 27 metros caísse sobre a área LP-3C e se destruísse numa explosão. A campanha de lançamento “DEMO-1” recebeu a designação P-139A. O foguete carregava um par de satélites de demonstração de tecnologia VariSat projetados para prover comunicações de dados marítimos de alta frequência – os VariSat 1A e 1B, de 11 kg cada – e que completariam uma rede de três satélites operada pela VariSat LLC, dos quais o VariSat 1C já está em órbita desde em maio do ano passado. A órbita-alvo seria de 200 km x 350 km, inclinada em 87°.

Segundo a ABL, “… a infraestrutura de lançamento ficou danificada, mas o pessoal técnico está seguro”. “Marcaremos o próximo voo assim que o experimento for concluída. Obrigado a todas as partes interessadas e à comunidade espacial pelo apoio”.

A ABL inicialmente tentou lançar o foguete em meados de novembro, mas experimentou vários abortos durante a janela de uma semana. Outra tentativa foi cancelada em 8 de dezembro, no segundo dia da próxima janela de lançamento, após o trailer de controle receber dados anormais da telemetria por cabo de fibra óptica. A campanha de lançamento foi interrompida 9 de janeiro para os reparos, depois atrasou a decolagem por mais um dia devido ao clima.

A empresa americana assinou um contrato para dois satélites da L2 Aerospace previsto originalmente para acontecer na primavera de 2021. Eles seriam usados ​​para testar novas tecnologias e eventos de treinamento.

O foguete

O RS1 é um pequeno veículo de lançamento capaz de colocar até 1.350 kg de carga na órbita baixa e que está no estágio final de desenvolvimento. Tem dois estágios, e o corpo principal dos dois elementos é feito de liga de alumínio e seus motores E2 são impressos em 3D a partir de três partes.. Cada um deles usa motores E2: nove deles são instalados no primeiro estágio e um no segundo. Eles são alimentados por querosene RP-1 e oxigênio líquido (LOX). O estágio superior foi testado em outubro de 2020. Segundo o fabricante, o RS-1 tem como características distintivas a relativa simplicidade e baixo custo.

O foguete na mesa modular de lançamento, com os tanques e conteineres do sistema de suporte de solo ao fundo, na ilha Kodiak

O lançador tem 27 metros de comprimento e 1,8 m de diâmetro e está entre o Electron da Rocket Lab, que tem um lançamento estimado em US$ 7 milhões, e o Falcon 9 da SpaceX, que custa aproximadamente US$ 50 milhões. Também visa competir com os foguetes da Virgin Orbit, Relativity Space e Firefly Aerospace.

ABL Space Systems foi fundada em 2017 e sediada em El Segundo, Califórnia e atualmente conta com 105 funcionários e aproximadamente 8.000 m² de espaço em El Segundo, no condado de Los Angeles, além de instalações de teste na Edwards Air Force Base e no Spaceport America no Novo México: “Podemos construir um veículo de lançamento aproximadamente a cada 30 dias. São cerca de oito ou nove mísseis por ano”, disse o executivo financeiro da empresa, Dan Piemont. A empresa recebeu contratos no valor de US$ 44,5 milhões da Força Aérea dos Estados Unidos,bem como financiamento privado no valor de US$ 49 milhões.

Os satélites a bordo, Varisat 1A e 1B, pertenciam à OmniTeq, uma empresa com sede no Texas que planeja uma constelação aparelhos para oferecer serviços de comunicações marítimas. A missão também deveria demonstrar a ignição do OmniTeq Equalizer, um motor projetado para colocar um CubeSat em órbita em lançamentos cooperativos de pequenos satélites e compativel com vários tipos de foguetes.

resumo do lançamento

Cronograma da missão

  • T-00:02: Ignição dos motores do primeiro estágio
  • T+00:00: Decolagem
  • T+01:17: Mach 1 (foguete em regime supersônico)
  • T+01:35: Max-Q (pressão aerodinâmica máxima)
  • T+02:38: MECO (desligamento dos motores principais)
  • T+02:44: Separação do 1° estágio
  • T+02:46: Ignição do segundo estágio
  • T+03:14: Separação da carenagem de carga útil
  • T+09:46: SECO (corte do motor do segundo estágio)
  • T+12:31: Primeira separação de carga útil
  • T+14:10: Separação da segunda carga útil

O foguete

O foguete tem dois estágios e uma carenagem de cabeça em alumínio

O RS1 (de 27 metros de comprimento e 1,8 m de diâmetro) pode usar dois tipos de combustíveis, ou seja, querosene RP-1 ou querosene Jet-A, dos quais o último está disponível em aeródromos em todo o mundo – e um único oxidante, oxigênio líquido (LOX). O E2 é um motor com gerador a gás, produzindo 5.488 kgf (58,32 kiloNewtons) de empuxo, com nove unidades no primeiro estágio, totalizando 60.381,3 kgf (529,11 kN) de empuxo. O primeiro estágio é semelhante ao Falcon 9 da SpaceX, Electron da Rocket Lab e o Terran 1 da Relativity Space. O segundo estágio do RS1 usa uma única versão otimizada para vácuo do E2, produzindo 5.896,7 kgf (57,82 kN) de impulso. No voo de ontem, primeiro estágio funcionaria por cerca de dois minutos e meio, e depois deveria cair no Oceano Pacífico, dando lugar ao segundo estágio movido pelo único motor E2. A carenagem de cabeça do foguete seria descartada após mais de três minutos de vôo, e o motor desligaria quase 10 minutos após a decolagem. Se tudo corresse conforme o planejado, dois satélites da OmniTeq seriam ejetados a 12 e 14 minutos após o lançamento. A órbita-alvo teria um apogeu de 350 quilômetros, perigeu de 250 km e inclinação de 87,3 graus em relação ao equador. Após a liberação, como parte dos testes, estava prevista a reativação do segundo estágio para arredondar a órbita para 350 x 350 km.

A ABL produziu uma estrutura modular de sistema de suporte de solo que exige apenas uma pista concretada para nela dispor seus elementos de suporte ao foguete, como geradoes, condicionadores, tanques, sistemas de alimentação, telemetria, ligação umbilical, circuitos de gás e fluidos.

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Autor: homemdoespacobrasil

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