Soyuz MS-23 decola em fevereiro sem pilotos para acoplar à estação espacial

O vazamento do radiador da nave espacial russa Soyuz MS-22, lançada em setembro passado, foi considerado um impedimento ao retorno seguro de sua tripulação à Terra pela agência espacial Roskosmos, e a próxima nave, Soyuz MS-23, será lançada sem tripulantes no dia 20 de fevereiro de 2023. Segundo o site russianspaceweb, esta nave servirá para trazer de volta à Terra os cosmonautas Sergey Prokopiev, Dmitry Petelin e astronauta da NASA Francisco Rubio.
Em 8 de janeiro a agência espacial prometeu tomar uma decisão sobre a situação no dia 11. Segundo relatos não-oficiais, a nave retornaria sem tripulação, enquanto a Soyuz MS-23 decolaria em fevereiro com um cosmonauta, Oleg Kononenko e a Soyuz MS-22 retornaria em modo não tripulado. Os outros dois assentos ficariam vazios para que os cosmonautas Prokopiev e Petelin pudessem retornar junto com Kononenko (seus colegas de tripulação Nikolai Chub e Loral O’Hara (americana) permaneceriam no solo para liberar assentos de retorno para os dois russos da Soyuz MS-22). O astronauta americano Rubio retornaria na nave Crew Dragon. Mas, para esse fim, a próxima nave americana voaria com três, não quatro, pessoas a bordo. O cosmonauta russo Andrey Fedyaev, que tinha assento reservado na nave dos EUA, teria que esperar pela próxima oportunidade. O assento permaneceria vazio e haveria apenas um traje espacial extra americano, que Rubio poderia usar para retornar à Terra na nave da SpaceX. Como resultado, os russos da tripulação do Soyuz MS-22 retornariam à Terra em um nave russa e os americanos em uma nave americana.
Mas no dia seguinte a agência russa negou que tal plano tivesse sido aprovado. De acordo com outras fontes, várias opções foram revisadas e o cenário preferido foi aprovado pela Comissão presidida pelo diretor da Roskosmos, Yuri Borisov, no dia seguinte.
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Hoje, 11 de janeiro, a agência divulgou um vídeo de Borisov anunciando que o plano aprovado previa o lançamento da Soyuz MS-23 em 20 de fevereiro, em modo automatico para o eventual retorno de todos os três cosmonautas da MS-22 depois de um voo prolongado em mais seis meses. A Soyuz danificada aterrissaria vazia, porque foi considerada imprópria para transportar a tripulação “com base na análise da condição, simulações térmicas e documentação técnica”, segundo a declaração oficial. A Soyuz MS-22 seria usada para pousar com tripulação apenas em “circunstâncias especialmente críticas a bordo da ISS e mediante decisão separada da Comissão Estatal”, disse Borisov.
De acordo com o diretor, os representantes da NASA, que participaram da reunião do conselho na RKK Energia (fabricante da nave) no dia 10, concordaram e apoiaram o plano. Ele confirmou que o cenário envolvendo o lançamento da Soyuz MS-23 com apenas um homem foi avaliado, mas rejeitado devido ao tempo necessário para configurar o veículo, preparar a documentação e treinar o piloto, o que atrasaria o lançamento até o início de março. Os russos aproveitarão para usar a Soyuz MS-23 para transportar carga para a estação.
Borisov também afirmou que a investigação concluiu que um impacto de micrometeorito causou a violação. Segundo os cálculos, um buraco no compartimento de instrumentos da espaçonave pode ter sido causado por uma partícula de um milímetro que atingiu com uma velocidade de cerca de 7.000 metros por segundo. O diretor também afirmou que a possibilidade de um defeito de fabricação também foi avaliada, mas não foi confirmada.
Segundo o que se comenta, não é desejável que uma Soyuz MS voe no modo não-tripulado, pois o sistema de acoplamento automático Kurs pode sofrer panes – por isso, segundo eles, é necessário ter pelo menos um cosmonauta a bordo [*].
[*] – Apesar de terem ocorrido falhas ocasionais do sistema automático, sempre que uma nave Soyuz foi lançada para fazer uma acoplagem sem tripulantes, o resultado foi bem-sucedido (Kosmos 186/ 188, Kosmos 212/213, Soyuz 20, Soyuz 34, Soyuz T-1, Soyuz TM-1 e Soyuz MS-14; as três primeiras usaram o antigo sistema Igla, e as outras, o Kurs); Exceção feita à Soyuz 2, lançada sem tripulantes para se acoplar à Soyuz 3 tripulada por um cosmonauta – mas neste caso ela estava em modo passivo; a Soyuz MS-14 teve seu acoplamento adiado devido a um cabo solto dentro da estação espacial, e não por conta de defeito na nave (mais tarde, uma falha foi localizada no amplificador de sinal do sistema Kurs no compartimento Poisk da estação). Há quase quatro décadas, em 1979, a nave de transporte Soyuz 32, que estava acoplada na estação orbital Salyut 6 com os cosmonautas Vladimir Lyakhov e Valery Ryumin, foi considerada “insegura” para reentrada devido a uma possível falha do motor principal depois que a nave-visitante Soyuz 33 (com uma tripulação internacional soviético-búlgara) apresentou defeito no seu motor; A missão de visita seguinte (URSS-Hungria), foi cancelada e no seu lugar a nave Soyuz 34 foi enviada sem tripulação, com motores revisados, acoplada automaticamente à Salyut e finalmente trouxe Lyakhov e Ryumin de volta normalmente em agosto daquele ano após um recorde de 175 dias voo na Salyut 6. (A Soyuz 32, com os motores ‘suspeitos’, foi desacoplada em modo automatico e voltou à Terra desocupada, pousando normalmente).
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