Carga útil recorde para o sistema de internet via satélite da empresa
O foguete Falcon 9 v1.2 FT Bl5 número B1069.2 carregando 54 satélites Starlink decolou da Estação da Força Espacial de Cabo Canaveral na Flórida no sábado, 27 de agosto de 2022, às 23h41 EDT (0341 GMT ou 01:41 de Brasilia em 28 de agosto). A decolagem ocorreu cerca de 80 minutos depois do planejado, pois a SpaceX esperava que o mau tempo passasse. Pouco menos de nove minutos após o lançamento, o primeiro estágio (‘core’) do foguete voltou à Terra para um pouso na balsa-drone A Shortfall of Gravitas, que estava estacionada no Oceano Atlântico, na costa da Flórida, a leste de Charleston, Carolina do Sul. As condições meteorológicas eram duvidosas no sábado à noite, com trovoadas e relâmpagos na área do local de lançamento. A SpaceX atrasou a oportunidade de lançamento às 22h22 EDT (0222 GMT) devido às tempestades, mas o tempo melhorou para o segundo dos dois horários disponíveis no sábado. O foguete teve uma massa na decolagem de 568.478 kg, com a pilha de cinquenta e quatro satélites pesando 16.578 kg.
Quinze minutos depois da decolagem, o estágio superior do lançou a pilha “Starlink 4-23” em uma órbita inicial de 232 por 336 quilômetros. O lançador apontou para uma inclinação orbital de 53,2 graus em relação ao equador. Com a missão Starlink 4-23, a empresa já lançou 3.162 satélites, incluindo protótipos e unidades de teste que não estão mais em serviço. O lançamento foi a 57ª missão da SpaceX dedicada principalmente a colocar os Starlink em órbita.
O lançamento de hoje, o 38º da SpaceX no ano, estabeleceu um recorde para a carga útil mais pesada já lançada por um foguete Falcon 9 e ocorreu dias depois que a SpaceX e a T-Mobile revelaram planos para usar uma nova geração de satélites para prover conectividade “onipresente” aos telefones celulares existentes. Os satélites de segunda geração serão muito maiores do que o projeto atual e serão lançados na nova nave-foguete Starship atualmente em desenvolvimento.
A adição de mais um satélite – cada Starlink pesa mais de 300 kg – sugere que a SpaceX melhorou ligeiramente a capacidade de carga útil do foguete, e os satélites no voo de sábado à noite somaram a carga mais pesada já lançada em um plano orbital com mais de 16.700 kg.
O lançamento ocorreu cerca de 33 horas antes do lançamento do foguete lunar SLS com a missão Artemis I nas proximidades do Kennedy Space Center. O foguete está na plataforma 39B, cerca de 8 quilômetros ao norte do local de lançamento do Falcon 9 na plataforma 40.

Nova versão do satélite
Elon Musk, fundador e CEO da SpaceX, juntou-se ao executivo-chefe da T-Mobile, Mike Sievert, para o anúncio na base de lançamento da SpaceX Starship no sul do Texas. O novo design do satélite, chamado Starlink V2, mede cerca de 7 metros de largura. Ele hospedará antenas de comunicação semelhantes em banda Ku, banda Ka e a laser voando na atual geração de satélites Starlink, mas adicionará uma antena de espectro celular extensivel medindo aproximadamente 25 metros quadrados. Essa antena terá sensibilidade para receber sinais fracos de telefones celulares existentes. A SpaceX e a T-Mobile querem ter o Starlink V2 em funcionamento até o final de 2023 para iniciar os testes beta. O veículo de lançamento Starship que a SpaceX quer usar para lançamentos de satélites Starlink V2 ainda não entrou em órbita.
“É como colocar uma torre de celular no céu, apenas muito mais difícil, e é por isso que estamos aqui com os especialistas mundiais da SpaceX porque estamos usando um pedaço de espectro que seu telefone já sabe… ”, disse Sievert. “Na verdade, a grande maioria dos telefones por aí, nossa aspiração é que eles trabalhem desde o início com isso.” Segundo Musk, a rede Starlink V2 transmitirá cerca de 2 a 4 megabits de largura de banda para serem compartilhados entre usuários dentro de uma determinada região, ou zona de célula. Isso é suficiente para permitir mensagens de texto, imagens, chamadas de voz e, em alguns casos, streaming de vídeo.
Até agora, a SpaceX concentrou-se em clientes residenciais para a rede, com uma antena de arranjo de fase, Phased Array, apontando para o céu fazendo uma conexão de rádio com satélites que passam por cima. A SpaceX recebeu recentemente a aprovação regulatória da Comissão Federal de Comunicações para prover serviço por meio de terminais de antena montados em carros, trailers, navios e aviões. Agora, está entrando no mercado para oferecer suporte a serviços de telefonia celular. “Isso não terá o tipo de largura de banda que um terminal Starlink terá”, disse Musk, “mas poderia eventualmente eliminar zonas mortas na conectividade celular”. “Este é um desafio técnico bastante difícil, mas estamos trabalhando no laboratório e estamos confiantes de que funcionará ”, disse Musk. “Na verdade, temos muito hardware e também muito software extra no satélite.”
Sievert elogiou a importância da conectividade de telefone celular via satélite para a segurança pública, equipes de emergência e pessoas que vivem ou viajam por áreas rurais sem o serviço de telefone celular tradicional. Ele disse que será implementado inicialmente nos Estados Unidos continentais, Havaí, grandes áreas do Alasca, Porto Rico e águas territoriais dos EUA, e estará disponível sem custo adicional nos planos de telefonia celular mais populares da T-Mobile.
Musk disse que a SpaceX está procurando uma “solução provisória” para desenvolver uma versão menor do Starlink V2 que possa caber em um foguete Falcon 9 “se o programa Starship atrasar mais do que o esperado”. O design básico do Starlink V2 é grande para um lançamento do Falcon 9.
O lançamento
Estacionada dentro de um centro de controle de lançamento ao sul da Estação da Força Espacial de Cabo Canaveral, a equipe de lançamento da SpaceX começou a carregar querosene super-resfriado e densificado e oxigênio líquido no veículo Falcon 9 de 70 metros de altura em T-menos 35 minutos. Pressurizante de hélio também fluiu para o foguete na última meia hora da contagem regressiva. Nos últimos sete minutos antes da decolagem, os motores principais Merlin 1D Plus do Falcon 9 foram termicamente condicionados para o voo num procedimento conhecido como “chilldown”. O sistema de orientação e segurança de alcance também foi configurado para o lançamento.
Após a decolagem, o foguete vetorizou seus 770 kgf de empuxo para se dirigir a nordeste sobre o Oceano Atlântico. O veículo excedeu a velocidade do som em cerca de um minuto, então desligou os nove motores principais dois minutos e meio após a decolagem. O estágio liberado do estágio superior do Falcon 9, em seguida, disparou pulsos de propulsores de controle de nitrogenio frio e as aletas de grade de titânio foram estendidas para ajudar a direcionar o estáhio de volta à atmosfera.
Duas ignições de frenagem retardaram o foguete para pousar na balsa drone “A Shortfall of Gravitas” cerca de 650 quilômetros aproximadamente oito minutos e meio após a decolagem.
O primeiro estágio B1069 completou seu segundo vôo depois de sofrer danos durante a recuperação na balsa em 21 de dezembro após sua primeira missão, que enviou uma nave de carga Cargo Dragon em direção à Estação Espacial Internacional. A recuperação difícil danificou os motores e as pernas de pouso, fazendo com que o foguete se inclinasse ao retornar a bordo do navio drone para Port Canaveral. O dano forçou a SpaceX e a NASA a mudarem para um ‘core’ reserva para o lançamento de quatro astronautas à estação espacial em abril. Esse lançamento deveria originalmente usar o B1069, que foi remodelado com novos motores e outros componentes.

A carenagem de cabeça reutilizável foi descartada durante a ignição do segundo estágio. Um navio de recuperação também estava na estação no Atlântico para recuperar as duas conchas do nariz depois de caírem sob pára-quedas.
O pouso do primeiro estágio ‘core’ B1067.2 ocorreu momentos após o corte do motor do segundo estágio para colocar os satélites em órbita. A separação da pilha foi confirmada em T+ 15 minutos e 21 segundos.
Hastes de retenção foram liberadas da pilha dos Starlink, permitindo que os satélites compactados se afastassem do estágio superior. Cada satélite desdobrará painéis solares e passará por etapas de ativação automatizadas, depois usará motores de íons a criptônio para manobrar em sua órbita operaciona de 540 quilômetros.
Os satélites Starlink ficarão em uma das cinco “conchas” (shell) orbitais em diferentes inclinações para a rede global de internet. Depois de atingir sua órbita operacional, os satélites entrarão em serviço comercial e começarão a transmitir sinais de banda larga para os consumidores, que podem adquirir o serviço Starlink e se conectar à rede com um terminal terrestre fornecido pela SpaceX.
Melhorias no foguete
A SpaceX experimentou configurações de regulagem do motor e outras atualizações menores para aumentar a capacidade de carga do foguete.
CRONOGRAMA DE LANÇAMENTO:
T+00:00: Decolagem
T+01:12: Pressão aerodinâmica máxima (Max-Q)
T+02:28: Corte do motor principal do primeiro estágio (MECO)
T+02:32: Separação de estágio
T+02:38: Ignição do motor do segundo estágio
T+02:43: Ejeção da carenagem
T+06:46: Ignição de reentrada do primeiro estágio (com três motores)
T+07:07: Corte de ignição de reentrada do primeiro estágio
T+08:28: Ignição de pouso do primeiro estágio (um motor, o central)
T+08:40: Corte do motor do segundo estágio (SECO 1)
T+08:49: Pouso do primeiro estágio na balsa-drone
T+15:21: Separação dos satélites
Estatísticas da missão:
172º lançamento de um foguete Falcon 9 desde 2010
180º lançamento da família de foguetes Falcon desde 2006
2º lançamento do Falcon 9 ‘booster’ B1069
148º lançamento do Falcon 9 da Costa Espacial da Flórida
95º lançamento do Falcon 9 da plataforma 40
150º lançamento geral da plataforma 40
114º voo de um booster Falcon 9 reutilizado
57º lançamento dedicado do Falcon 9 com satélites Starlink
38º lançamento do Falcon 9 de 2022
38º lançamento da SpaceX em 2022
37ª tentativa de lançamento orbital com base no Cabo Canaveral em 2022
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