Astra Rocket LV0008 falha na missão para a NASA

Foguete teve aparente falha de separação de carenagem

Astra Rocket 3.3 decola de Cabo Canaveral

A Astra Space Inc lançou hoje, 10 de fevereiro de 2022, às 17:00 horas de Brasília (20:00 UTC) o foguete Astra Rocket 3.3 LV0008, que não conseguiu colocar em órbita quatro satélites de universidades e da NASA. O foguete decolou do Space Launch Complex 46 na Estação da Força Espacial de Cabo Canaveral, na Flórida. As imagens das câmeras on-board mostraram o corte dos motores de primeiro estágio. Em seguida, foi emitido o comando de largar a carenagem, e foi visível que a concha se mexeu quase imediatamentre após o corte. O segundo estágio ao que parece se separou do primeiro, porém como a carenagem estava emperrada, ficou preso dentro dela (a coifa cobre o segundo estágio). O motor Aesthus acendeu e seu empuxo e pressão de gases aparentemente rompeu a trava emperrada que prendia o conjunto, para em seguida desligar quase imediatamente, enquanto imagens mostravam o primeiro estágio se afastando e o segundo dando cambalhotas sem controle – o sistema de controle pode ter cortado o motor principal e ter falhado em estabilizar a rotação.

A Astra anunciou nas redes sociais: “Tivemos um problema durante o voo de hoje que resultou na não entrega das cargas úteis à órbita. Lamentamos profundamente nossos clientes – a NASA e as pequenas equipes de satélites. Mais informações serão fornecidas após concluirmos uma revisão de dados.”

Os cubesats, da Iniciativa de Lançamento CubeSat da NASA (CSLI), eram parte da Educational Launch of Nanosatellites (ELaNa 41). O lançamento da ELaNa 41 foi o primeiro operacional da Astra Space.

O ELaNa 41 incluía os satélites:

BAMA-1 – Universidade do Alabama, Tuscaloosa
INCA – Universidade Estadual do Novo México, Las Cruces
QubeSat – Universidade da Califórnia, Berkeley
R5-S1 – Centro Espacial Johnson da NASA, Houston

Este serviço de lançamento é fruto de um contrato Venture Class Launch Services Demonstration 2 , para recursos de lançamento dedicados para cargas úteis pequenas, concedidos pelo Programa de Serviços de Lançamento da NASA (LSP) com sede no Kennedy Space Center. As missões de classe de risco da NASA ajudam no desenvolvimento e demonstração de novos veículos de lançamento comercial. “Esses lançamentos VCLS Demo 2 de pequenos satélites podem tolerar um nível mais alto de risco do que missões maiores e demonstrarão e ajudarão a mitigar os riscos associados ao uso de novos veículos de lançamento que fornecem acesso ao espaço para futuras pequenas espaçonaves e missões.”

Imagem da câmera mostrando o primeiro estágio

Missão ELaNa-41

VCLS logo.

O Programa de Serviços de Lançamento da NASA (LSP) concedeu vários contratos Venture Class Launch Services Demonstration 2 para lançar pequenos satélites (SmallSats) para o espaço, incluindo CubeSats, microsats ou nanossatélites. A primeira missão sob o contrato estava no Astra Rocket de hoje.

Os CubeSats foram desenvolvidos por três universidades e pelo Centro Espacial Johnson da NASA. Os CubeSats, selecionados pela Iniciativa de Lançamento CubeSat da NASA (CSLI), voando na missão Educational Launch of Nanosatellites (ELaNa 41).  Os CubeSats estão desempenhando um papel cada vez maior na exploração, demonstrações de tecnologia, pesquisa científica e investigações educacionais. Esses satélites em miniatura fornecem uma plataforma de baixo custo para missões da NASA, incluindo exploração espacial planetária; Observação da Terra; ciência fundamental da Terra e do espaço; e demonstrações de tecnologia, como comunicações a laser de última geração, armazenamento de energia, propulsão no espaço e capacidades de movimento autônomo. O CSLI permite o lançamento de projetos CubeSat projetados, construídos e operados por alunos, professores e professores, bem como Centros da NASA e organizações sem fins lucrativos. Gerenciadas pelo LSP, as missões ELaNa oferecem uma oportunidade de ejeção ou lançamento de compartilhamento de carona para o espaço para CubeSats selecionados por meio do CSLI. Os gerentes de missão da ELaNa e suas equipes oferecem instrução sobre voos espaciais por meio da preparação (licenciamento, integração e testes) de cargas úteis voadas no espaço. Desde a sua criação em 2010, a iniciativa selecionou mais de 200 missões CubeSat, das quais mais de 100 foram lançadas ao espaço, com mais de 30 missões programadas para lançamento nos próximos 12 meses.

A missão dos cubesats

Os quatro cubesats do ELaNa 41 seriam ejetados no espaço a partir de seu dispensador no topo do estágio superior do foguete.

BAMA-1 CubeSat.
O BAMA-1 , formato 3U CubeSat completa suas verificações de ajuste e integração. por : Abby Feeder, Universidade do Alabama

BAMA-1  – Universidade do Alabama, Tuscaloosa

O BAMA-1 seria uma missão de demonstração de tecnologia que realizará uma demonstração de voo de um módulo de vela de arrasto desorbitando rapidamente o satélite.

INCA CubeSat.
Ian McNeil testando o painel solar extensível do INCA. por : Mark Roberts, New Mexico State University

INCA – Universidade Estadual do Novo México, Las Cruces

O INCA (Ionospheric Neutron Content Analyzer) seria uma missão de investigação científica que estudará as dependências de latitude e tempo do espectro de nêutrons em órbita baixa da Terra pela primeira vez para melhorar os modelos atuais de clima espacial e mitigar ameaças ao espaço e ativos aéreos. As medições viriam de um novo espectrômetro de nêutrons direcional, que foi desenvolvido em conjunto com o Goddard Space Flight Center da NASA e a Universidade de New Hampshire.

QubeSat CubeSat.
O objetivo principal do 2U cubesat QubeSat é testar e qualificar um giroscópio quântico desenvolvido por pesquisadores da Universidade da Califórnia, Berkeley, nas condições de órbita baixa da Terra. por Universidade da Califórnia, Berkeley

QubeSat – Universidade da Califórnia, Berkeley

QubeSat seria uma missão de demonstração de tecnologia. Ele testaria os efeitos das condições espaciais em giroscópios quânticos usando centros de vacância de nitrogênio em diamante. Os centros de vacância de nitrogênio são pontos de defeito de nitrogênio no diamante com propriedades quânticas que permitem aos cientistas formar giroscópios que medem a velocidade angular. As tecnologias baseadas em centros de vacância de nitrogênio são particularmente adequadas para o espaço devido à sua alta precisão, fator de forma pequeno e tolerância à radiação.

R5-S1 CubeSat.
O R5-S1 destina-se a avaliar a adequação de componentes comerciais de prateleira para recursos de inspeção extraveicular de voo livre, incluindo câmeras, computadores e algoritmos. por : Sam Pedrotty, Centro Espacial Johnson da NASA

R5-S1 – Centro Espacial Johnson da NASA, Houston

O R5-S1 destinaria-se a “demonstrar uma maneira rápida e econômica de construir CubeSats bem-sucedidos, além de demonstrar tecnologias para a inspeção no espaço, que podem ajudar a tornar a exploração espacial tripulada mais segura e eficiente”. O R5-S1 seria uma maneira mais barata de demonstrar tecnologias cruciais, como computadores de alto desempenho, câmeras, algoritmos e uma nova maneira de satélites transmitirem imagens para o solo.

Foguete tem cinco motores Delphin de turbombas acionadas por baterias elétricas

O foguete Astra Rocket

O foguete Astra se encaixa no segmento de foguetes pequenos do mercado de lançamentos. A variação do Rocket 3.3 pode transportar cerca de 50 quilos de carga útil para a órbita baixa da Terra, com sua versão planejada do Rocket 4.0 prevista para aumentar essa capacidade. O objetivo do Astra é lançar um foguete por dia até 2025, reduzindo seu preço de US$ 2,5 milhões.

(resumo de Gunter Krebs)
O Astra é um pequeno veículo lançador de satélites projetado pela Astra Space Inc, anteriormente conhecida como Ventions Inc. Este é um pequeno veículo lançador orbital capaz de colocar cerca de 100 kg em órbita terrestre baixa. Este veículo se baseia na experiência adquirida com o desenvolvimento do veículo lançador SALVO lançado do ar, embora este não tenha realizado nenhum lançamento. É alimentado por querosene RP-1 e oxigênio líquido (LOX). O primeiro estágio é alimentado por cinco motores Delphin de 28 kN de empuxo, cada um acionado por bombas alimentadas por bateria, e o segundo estágio usa um motor chamado Aether. O Astra usa uma infraestrutura terrestre mínima, que pode ser montada em curto prazo em diferentes locais de lançamento.

O foguete foi visto em um vídeo em fevereiro de 2018, aparentemente fazendo testes de solo na Estação Aérea Naval de Alameda. A empresa é cliente de um lançamento suborbital secreto “Rocket 1” no Pacific Spaceport Complex Alaska (PSCA) na Ilha Kodiak em 2018. O primeiro voo de teste suborbital ocorreu em 21 de julho de 2018 com falha logo após o lançamento. O segundo voo suborbital em novembro de 2018 também falhou logo após o lançamento e caiu perto da plataforma, depois que todos os cinco motores falharam. A primeira versão orbital, Rocket-3.0, é um veículo de dois estágios. O estágio um aparentemente usa um design de antepara de intertanque comum, ao contrário dos dois protótipos. Tem um diâmetro de 1,32 m e uma altura de 11,6 m. Três veículos foram construídos desta versão inicial para testes de voo, antes de produzir versões melhoradas.

A versão operacional, Rocket-3.3, é uma versão melhorada da versão Rocket-3.0. O primeiro estágio é alongado e o segundo estágio teve seu empuxo aumentado. O veículo de lançamento não requer uma infraestrutura de lançamento fixa, pois todos os componentes ( trailer de transporte, trailers de combustivel e oxidante, trailer de sistemas de suporte de solo e em geral seis contêineres de serviço) são transportáveis ​​por transporte aéreo e podem ser montados em qualquer local de lançamento de “plataforma limpa.”

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Autor: homemdoespacobrasil

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